quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Doença não é crime

Em 1920, o governo americano declarou guerra ao álcool.  Cortaram toda a produção, fecharam estabelecimentos e proibiram o consumo para todos os cidadãos.  As penas eram similares às dadas aos traficantes de drogas pesadas nos dias de hoje.
O projeto não deu certo. Com o tempo, traficantes começaram a fabricar bebidas de má qualidade. O mais famoso destes, Al Capone, ficou conhecido por dar bailes no governo americano. Poucos sabem que sua principal fonte de renda era o tráfico de bebidas.
Não precisa ser dito que a iniciativa governamental fracassou. Pouco tempo depois, a bebida voltou a ser legalizada com o saldo negativo sendo o aumento descomunal do número de usuários de bebida.
50 anos depois, no governo Nixon, a guerra mudou de substâncias, seguindo o mesmo caminho. Foi anunciado um combate ostensivo às drogas, com usuários e traficantes tendo penas equivalentes. O consumo e distribuição viraram caso de polícia, aumentando, em várias épocas diferentes, a violência em regiões pobres do país.
Quarenta anos depois, o Tio Sam parece ter, finalmente, acordado. Recentemente, vários estados liberaram o uso de maconha, além de descriminalizar o uso de drogas.
Quer dizer, agora o usuário de drogas é tratado como doente, e não criminoso. Descriminalizar é diferente de legalizar. No primeiro, você traz o dependente para mais perto do governo, dando oportunidade para o mesmo reabilitá-lo. Já a legalização, é nada mais que deixar “o bicho pegar”, liberando a substância para o uso sem fiscalização.
Muitos devem estar pensando: Como um moleque que usou drogas e quer ajudar no combate ao uso, está comemorando a legalização da maconha?
Para responder, me atento a um dado comparativo entre o Brasil e a Holanda, país conhecido mundialmente pela legalização da Canabbis. Em nosso país, onde o consumo é proibido, o índice de usuários é de 3% da população. Já nos países baixos, o número aumenta para 5%.
O país continua tendo problemas com o tráfico, plantações ilegais e o mercado negro. A vantagem é que o contato entre jovens e traficantes diminuiu muito. Agora, o jovem compra a maconha em um local onde só oferecem a planta, sem ter pessoas incentivando o uso de substâncias mais fortes como a cocaína e a heroína.
Outro ponto da descriminalização é o aspecto da saúde do usuário. Em Portugal, onde o consumidor não é considerado criminoso, o consumo de substâncias diminuiu drasticamente. Além disso, houve aumento no número de usuários pedindo apoio para o estado. Sem o medo da prisão, fica mais fácil trazer o cidadão para perto do tratamento.

A frase é simples: “Doença não é crime”.

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