segunda-feira, 13 de outubro de 2014

5 km

Percebi que fatores positivos auxiliam na vida de um ex-dependente químico. Explicarei a frase óbvia acima com dois fatores cotidianos:
A três semanas comprei ingressos para o show de estréia da Banda do Mar- conjunto novo do Marcelo Camelo- e já expliquei, nesse mesmo blog, o quão feliz fiquei por trocar a cerveja pela música. Antes eu nunca compraria esse ingresso pelo simples motivo que na balança a cerveja pesava mais do que um bom show de música. Estou ansioso pelo espetáculo e me orgulhando da escolha que fiz.
Hoje, 9 de outubro, consegui outro prêmio por ter deixado para traz o uso de outra substância: a nicotina. Comecei a correr há, mais ou menos, dois meses. Recebi estímulos com uma pulga atrás da orelha. Aquele ‘’ Você consegue’’ com o sorriso no canto da boca pensando: ‘’ Daqui há uma semana ele para, com certeza’’. Se duvidar alguns devem ter feito apostas para ver quando eu iria desistir.
Pelo jeito vai ganhar a grana quem calculou mais que dois meses,pois, pela primeira vez, corri 5 km seguidos sem pausa. Uma prova de que o meu pulmão está se recuperando e mais, uma prova de que a endorfina liberada pela corrida é melhor que qualquer droga.
Escreverei um texto sobre as ‘’ lições’’ que a corrida vem me dando, mas,uma das mais importantes é que a auto-superação que esse esporte traz é melhor que qualquer remédio. Tentarei destrinchar o mundo de um corredor novato mais pra frente. Espero um dia,  quem sabe, escrever um livro sobre como cheguei na minha primeira maratona:

‘’Sonhar não custa nada’’

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Uma varanda com cactos

A primeira assembleia do condomínio a gente nunca esquece. É um lugar onde ninguém quer permanecer, ao mesmo tempo em que todos querem dar sua opinião nas pautas ‘’essenciais’’. As aspas vêm porque os assuntos que geram balburdia e bafafá são, por incrível que pareça, os mais hipócritas e mesquinhos possíveis.
Como era estreante, resolvi sentar no fundo para acompanhar a coisa de longe. Várias pautas bestas sendo aprovadas como: padrão da cor da lâmpada nos corredores, tempo de conversa com o porteiro na entrada, dentre outras menos ou mais inúteis.
Até que enfim, um tema que deixou todos atônitos. Não! Não me refiro ao barulho de uma festa no outro quarteirão, falta de policiamento na porta ou a situação dos moradores de rua que vivem a deriva pelo bairro. O assunto que mexeu as estruturas da classe média mais hipócrita desse país foi – rufem os tambores! - a VARANDA!
O que deixava os moradores mais preocupados eram as varandas. De novo, o problema não é vazamento, vizinho jogando coisa no outro ou assuntos do gênero. O embate era puro e simplesmente estético. Mais especificamente da proibição de colocar varais na sacada por causa do quão feio o prédio ficaria.
Para acabar com minha paciência e fechar com chave de ouro a epopéia desastrosa da classe média combativa pelo design paulistano veio a fala brilhante da sindica: ’’Afinal, nos não somos o Singapura’’.
Todos urravam e batiam palmas como se aquela fosse a declaração de um político em seus melhores tempos.  Eu fiquei com vergonha por compartilhar um ambiente daqueles.
Daí vem a pergunta: Você não ficou feliz por ser uma decisão democrática? Não fica parecendo o Singapura mesmo?
Em primeiro lugar, respondo o segundo tópico com outra pergunta: Que problema tem parecer o Singapura? Não sei vocês, mas eu acho genial aquele monte de varais, conflitando com toalhas e peças de roupas de todos os moradores. Aquilo traz um ar próprio para cada pedacinho do prédio, demonstrando uma harmonização onde cada um respeita o que o outro é. Lindas camisas do São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos, se contrastando em apartamentos vizinhos. Viva a diferença!
Fico muito feliz pela decisão democrática. O que me deixa triste é ver que em um estado que se diz o mais rico, culto e próspero do país, tenha de conviver com cabeças tão minúsculas que se preocupam mais com a aparência dos apartamentos na visão dos outros do que na deles própria. Para eles, compensa mais ter uma sacada cheia de flores com placas mostrando que aquele é um lar feliz do que aquele lar ser, nas suas entranhas, realmente feliz.

No momento, eu prefiro colocar um cacto do lado de fora e rosas do lado de dentro.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O valor do ouro



É fácil dizer para alguém que ‘não usando tal coisa você vai ganhar isso, aquilo ou aquilo outro’’. Ou, que sem determinada substância, sua vida será melhor e que você vai sentir isso exatamente como aquele sujeito profetiza.
Nada disso adianta muito, principalmente, quando falamos de usuários novos, como este que redigi estas linhas, pois, a pessoa muitas vezes tem que tomar a porrada para sentir a dor ou receber um prêmio próprio para ver as benfeitorias daquela ação em sua vida.
Essa semana recebi um belo impacto positivo por parar de beber e ingerir drogas. Chegou em casa o ingresso para o show da Banda do Mar, conjunto do ex-vocalista do Los Hermanos, Marcelo Camelo.
Depois da hesitação por receber o ‘prêmio’’, coloquei na balança algumas coisas. Lembrei que, quando eu bebia, invariavelmente era atraído por um desses shows. Só que no balanço financeiro entre comprar um ingresso e beber no final de semana, acabava optando pelo maldito álcool.

Quer dizer, tive meu primeiro prêmio próprio. Foi a primeira vez que não beber afetou positivamente em algo importante para um jovem de 25 anos. Muitos podem achar que não é tão importante assim. Por isso, se tiver com alguém como eu em casa, e quiser ajudá-lo de verdade, pense primeiro no que é importante para o sujeito e não o que você pensa que é importante para ele. Para cada um, o mesmo ouro pode virar uma joia bem diferente.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Uma família

Mariana está sempre na mesa da sala naquela hora. Espera ansiosa pela hora do jantar. O problema é que um sempre briga com o outro nessa hora. Tem aquela pessoa que chega sempre atrasada, estressada e sem ânimo para conversar com ninguém.
Mariana adorava quando essa pessoa tinha tempo para falar sobre a escola, das coleguinhas, jogar banco imobiliário ou quando passavam noites inteiras pintando um quadro.  A pessoa falava que estava lutando por um futuro melhor para ela e que quando fosse grandinha iria agradecê-la. Mariana entendia, mas, bem lá no fundo, só queria brincar com aquela pessoa.
A outra pessoa sempre estava arrumando algo. Depois que teve aulas de matemática no colégio, Mariana contou que ela organizava os quartos dez vezes durante cinco dias. Quando não estava arrumando a casa, ela se preocupava com contas a pagar, parentes e projetos futuros. Sempre exaltava o que iria fazer e não o que vai fazer.
A menina continuava na mesa, esperando o grande momento que chegou logo. Primeiro, colocaram a panela com o macarrão alho e óleo que só a pessoa que amava arrumar a casa sabia fazer. Em seguida, veio a salada que não gerou tanto apreço da garotinha. Por último, de surpresa, apareceu uma taça de sorvete de flocos gigante com uma cereja em cima. Fizeram Ma, como era chamada pelas pessoas, prometer que só iria tomar se comesse toda a salada.. Ela, que não é boba, consentiu com seu sorriso charmoso e o sinal de positivo com a cabeça.
Antes de comer, todos fizeram uma oração, já que seguiam preceitos evangélicos firmes naquele lar.
Comeram o delicioso jantar com muito amor e volúpia, pois o macarrão estava divino. Se lambuzaram com o sorvete como se aquele fosse o último pedaço de flocos do planeta terra.
Depois da farra gastronômica, brincaram um pouco de boneca e Mariana, exausta, resolveu ir dormir com um sorriso largo, que criança só mostra quando está realmente feliz. Morrendo de sono, beijou Carla e Joana que se abraçavam e se acariciavam apaixonadas no sofá. Primeiro, beijou a ‘mãe 1’ pedindo benção e depois a’ mamãe 2’ fazendo o mesmo procedimento.
Mariana se gabava por ser a única menina do colégio que dormia na cama das ‘mães’ e não dos ’pais’. Tinha duas mulheres para explicar as coisas, falar dos meninos e fazer carinho nela. Ela amava dormir entre as duas como se fosse um hambúrguer no meio do pão.

Aquela também era uma família feliz!


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Um Brasileiro


Era uma tarde qualquer na casa em que morávamos. Um beco simples, arrumado e aconchegante a uma hora da metrópole com nome de santo e jeito endiabrado. Meu pai trabalhava nos fundos da casa. Consertava móveis e fazia pinturas chiques nos mesmos.  Eu ficava girando a casa a 100 por hora desafiando todos com minha ansiedade.
O momento no qual eu me sentia mais importante era a hora do café. Não na hora de tomar café da manhã. Era na hora que meu pai gritava para eu pegar um copo de café puro para ele. Eu me sentia útil, apesar do jeito áspero com que ele pronunciava as palavras. Acho que peguei tanto café para ele que acabei pegando nojo do tal líquido preto. Nunca tomei e nem tenho vontade de experimentar.
Como ele fazia o pedido várias vezes ao dia, eu ficava com o rádio ligado perto do local onde ele trabalhava. Ouvia pagode (sim, tenho essa mancha no currículo!), pop e, graças a Deus, alguma coisa de rock.
Ganhei um cd do Paralamas do Sucesso nesses eventos familiares. Era daqueles que tem todos os sucessos. Alguém da família percebeu o suicídio sonoro que ouvir netinho estava ocasionando naquela pobre criança e resolveu tomar uma sábia atitude.
Comecei a ficar fissurado pelo cd. Em ‘Busca Vida’, eu ficava voltando o cd na parte do ‘Pá, pá, pá’. Comecei a entender o que era boa música. Achava que aquela era música de gente grande.
Um dia, estava ouvindo o disco todo animado e falei para o meu pai, que pintava um móvel com sua posição típica de cigarro na mão direita e pincel na esquerda:
- Pai, Paralamas é muito legal Disse eu esperando algumas palavras de incentivo, mostrando que eu estava virando um homenzinho.
Com seu trago cumprido – sabe aqueles que fumante dá quando está pensando? - ele falou sem hesitar:
- Odeio a voz desse cara! Voltando a pintar em seguida como se nada tivesse acontecido.
Passaram-se quase vinte anos. Virei um amante de música brasileira. Amante de Renato Russo, Cazuza, Belchior, Marcelo Camelo, da MPB como um todo e de figuras como Arnaldo Antunes, Tom Zé e Hermeto Pascoal.
Só não conseguia ouvir Herbert Vianna. Respeitava, mas, não conseguia ouvir. Sabia de sua importância no cenário nacional, que ele ajudou Renato a ser quem foi, dentre outros fatos. Mas a música não me descia.
Um dia, despretensiosamente, comecei ouvir o cd ao vivo 30 anos dos Paralamas. Adorei! Comecei a refletir como eu não gostara dessas músicas antes?
Fiquei matutando isso na cabeça durante alguns dias. Até que do nada, veio, como em um relance, a cena do menino animado ouvindo do pai:
- Eu não gosto da voz desse cara!
Comecei a refletir: Quantos Paralamas eu perdi por conta do que os outros falaram?
Seja pai, amigo ou padre da igreja russa, quantas coisas eu perdi pelo ‘outro’?
Resolvi que ia começar a pensar mais no ‘eu’. Agora, por exemplo, estou escrevendo esse texto ouvindo ‘Uma Brasileira’  bem alto. Meu delegado interno pede para que eu abaixe o volume, pois o vizinho pode não gostar da música. O novo ‘eu’ pergunta para o delegado: São 13h40min, será que vai mesmo atrapalhar ou esse é mais um muro invisível que te impede de ser feliz sendo você mesmo?



‘Uma Brasileira’’ continua tocando...




quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Como funcionam as drogas ?

Nesse documentário veja como as drogas funcionam lá dentro do seu corpo.
Como elas fazem para '' enganar'' nosso sistema imunológico e acabar com nossas vidas.


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O maravilhoso mundo das milicias

Para entender como funciona o mundo das drogas, tem que entender como funciona o tráfico das mesmas. Para entender o tráfico, temos que falar de segurança pública.
Esse bate-papo entre Marcelo Freixo, Wagner Moura e José Padilha, trata deste conflito no Rio de Janeiro. 
Como a cidade, que era para ser maravilhosa, se transformou no paraíso das milícias brasileiras.
E qual a relação disso tudo com o mercado das drogas.

Alerj Debate tropa de elite 2