A ONU quer proibir a venda de cigarros elétricos para
menores de idade. Óbvio que trazer os aspectos do cigarro, mesmo sem a
nicotina, desde a infância deixa uma marquinha no cérebro com um carimbo de
quero mais.
Apesar da luta certeira, essa é mais uma maquiagem
midiática para tirar o foco do que realmente ferra quando se diz respeito a
cigarro e bebida: a publicidade por traz do muro.
Uso esse termo para designar os métodos sujos e
sorrateiros que, principalmente, a indústria do cigarro utiliza para conseguir
novos adeptos. A batalha entre cigarro e publicidade vem desde o fim dos anos
90. O primeiro baque para os vendedores
de tabaco foi a proibição da publicidade em eventos de massa, como a formula1.
A Marlboro sentiu a saída dos cockpits por alguns
motivos. A corrida era um meio de atrair os jovens para o cigarro pela ligação
clara entre velocidade, mulheres e poder. Além, é claro, do poder midiático que
representavam, naquela época, pilotos como Ayrton Senna e Alan Proust.
Outro motivo é o aspecto de vivacidade que tem, nas
entrelinhas, qualquer esporte com ibope global. A publicidade de qualquer coisa,
seja em um jogo de gamão ou um torneio de badminton na Etiópia, traz para o
publico um ar de vivacidade. Esse foi o baque maior. A partir daí, cigarro e
esporte não andariam mais de mãos dadas pelo lucro.
Depois da Formula 1, as proibições foram aumentando
gradativamente até chegar aos tempos atuais. Nesse caso, o ditado, ‘’ O
proibido é mais gostoso’’ não poderia estar melhor encaixado.
Hoje, a indústria tabagista tem que se virar para fazer
anúncios. As táticas começaram a ficar cada vez mais sórdidas e difíceis de compreender.
Por exemplo : Você já imaginou porque toda loja de conveniência tem o cigarro
na parte de cima, com os doces em baixo ?
Simples, a criança tem psicologicamente, a intuição de admirar
o que vem de cima. Então, com o doce em baixo, seu cérebro automaticamente
julga que o objeto de cima, onde só os adultos metem o bedelho, é muito
saboroso. Isso é colocado como um chip na memória do pequeno que o ativa, sem
intenção, quando tem a oportunidade do primeiro trago.
Resumindo, evitar o consumo de cigarro eletrônico não é o
bastante. Os meandros da publicidade da nicotina também têm de ser vigiados.
O problema maior é: Será que eles querem vigiar esses
meandros?