segunda-feira, 13 de outubro de 2014

5 km

Percebi que fatores positivos auxiliam na vida de um ex-dependente químico. Explicarei a frase óbvia acima com dois fatores cotidianos:
A três semanas comprei ingressos para o show de estréia da Banda do Mar- conjunto novo do Marcelo Camelo- e já expliquei, nesse mesmo blog, o quão feliz fiquei por trocar a cerveja pela música. Antes eu nunca compraria esse ingresso pelo simples motivo que na balança a cerveja pesava mais do que um bom show de música. Estou ansioso pelo espetáculo e me orgulhando da escolha que fiz.
Hoje, 9 de outubro, consegui outro prêmio por ter deixado para traz o uso de outra substância: a nicotina. Comecei a correr há, mais ou menos, dois meses. Recebi estímulos com uma pulga atrás da orelha. Aquele ‘’ Você consegue’’ com o sorriso no canto da boca pensando: ‘’ Daqui há uma semana ele para, com certeza’’. Se duvidar alguns devem ter feito apostas para ver quando eu iria desistir.
Pelo jeito vai ganhar a grana quem calculou mais que dois meses,pois, pela primeira vez, corri 5 km seguidos sem pausa. Uma prova de que o meu pulmão está se recuperando e mais, uma prova de que a endorfina liberada pela corrida é melhor que qualquer droga.
Escreverei um texto sobre as ‘’ lições’’ que a corrida vem me dando, mas,uma das mais importantes é que a auto-superação que esse esporte traz é melhor que qualquer remédio. Tentarei destrinchar o mundo de um corredor novato mais pra frente. Espero um dia,  quem sabe, escrever um livro sobre como cheguei na minha primeira maratona:

‘’Sonhar não custa nada’’

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Uma varanda com cactos

A primeira assembleia do condomínio a gente nunca esquece. É um lugar onde ninguém quer permanecer, ao mesmo tempo em que todos querem dar sua opinião nas pautas ‘’essenciais’’. As aspas vêm porque os assuntos que geram balburdia e bafafá são, por incrível que pareça, os mais hipócritas e mesquinhos possíveis.
Como era estreante, resolvi sentar no fundo para acompanhar a coisa de longe. Várias pautas bestas sendo aprovadas como: padrão da cor da lâmpada nos corredores, tempo de conversa com o porteiro na entrada, dentre outras menos ou mais inúteis.
Até que enfim, um tema que deixou todos atônitos. Não! Não me refiro ao barulho de uma festa no outro quarteirão, falta de policiamento na porta ou a situação dos moradores de rua que vivem a deriva pelo bairro. O assunto que mexeu as estruturas da classe média mais hipócrita desse país foi – rufem os tambores! - a VARANDA!
O que deixava os moradores mais preocupados eram as varandas. De novo, o problema não é vazamento, vizinho jogando coisa no outro ou assuntos do gênero. O embate era puro e simplesmente estético. Mais especificamente da proibição de colocar varais na sacada por causa do quão feio o prédio ficaria.
Para acabar com minha paciência e fechar com chave de ouro a epopéia desastrosa da classe média combativa pelo design paulistano veio a fala brilhante da sindica: ’’Afinal, nos não somos o Singapura’’.
Todos urravam e batiam palmas como se aquela fosse a declaração de um político em seus melhores tempos.  Eu fiquei com vergonha por compartilhar um ambiente daqueles.
Daí vem a pergunta: Você não ficou feliz por ser uma decisão democrática? Não fica parecendo o Singapura mesmo?
Em primeiro lugar, respondo o segundo tópico com outra pergunta: Que problema tem parecer o Singapura? Não sei vocês, mas eu acho genial aquele monte de varais, conflitando com toalhas e peças de roupas de todos os moradores. Aquilo traz um ar próprio para cada pedacinho do prédio, demonstrando uma harmonização onde cada um respeita o que o outro é. Lindas camisas do São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos, se contrastando em apartamentos vizinhos. Viva a diferença!
Fico muito feliz pela decisão democrática. O que me deixa triste é ver que em um estado que se diz o mais rico, culto e próspero do país, tenha de conviver com cabeças tão minúsculas que se preocupam mais com a aparência dos apartamentos na visão dos outros do que na deles própria. Para eles, compensa mais ter uma sacada cheia de flores com placas mostrando que aquele é um lar feliz do que aquele lar ser, nas suas entranhas, realmente feliz.

No momento, eu prefiro colocar um cacto do lado de fora e rosas do lado de dentro.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O valor do ouro



É fácil dizer para alguém que ‘não usando tal coisa você vai ganhar isso, aquilo ou aquilo outro’’. Ou, que sem determinada substância, sua vida será melhor e que você vai sentir isso exatamente como aquele sujeito profetiza.
Nada disso adianta muito, principalmente, quando falamos de usuários novos, como este que redigi estas linhas, pois, a pessoa muitas vezes tem que tomar a porrada para sentir a dor ou receber um prêmio próprio para ver as benfeitorias daquela ação em sua vida.
Essa semana recebi um belo impacto positivo por parar de beber e ingerir drogas. Chegou em casa o ingresso para o show da Banda do Mar, conjunto do ex-vocalista do Los Hermanos, Marcelo Camelo.
Depois da hesitação por receber o ‘prêmio’’, coloquei na balança algumas coisas. Lembrei que, quando eu bebia, invariavelmente era atraído por um desses shows. Só que no balanço financeiro entre comprar um ingresso e beber no final de semana, acabava optando pelo maldito álcool.

Quer dizer, tive meu primeiro prêmio próprio. Foi a primeira vez que não beber afetou positivamente em algo importante para um jovem de 25 anos. Muitos podem achar que não é tão importante assim. Por isso, se tiver com alguém como eu em casa, e quiser ajudá-lo de verdade, pense primeiro no que é importante para o sujeito e não o que você pensa que é importante para ele. Para cada um, o mesmo ouro pode virar uma joia bem diferente.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Uma família

Mariana está sempre na mesa da sala naquela hora. Espera ansiosa pela hora do jantar. O problema é que um sempre briga com o outro nessa hora. Tem aquela pessoa que chega sempre atrasada, estressada e sem ânimo para conversar com ninguém.
Mariana adorava quando essa pessoa tinha tempo para falar sobre a escola, das coleguinhas, jogar banco imobiliário ou quando passavam noites inteiras pintando um quadro.  A pessoa falava que estava lutando por um futuro melhor para ela e que quando fosse grandinha iria agradecê-la. Mariana entendia, mas, bem lá no fundo, só queria brincar com aquela pessoa.
A outra pessoa sempre estava arrumando algo. Depois que teve aulas de matemática no colégio, Mariana contou que ela organizava os quartos dez vezes durante cinco dias. Quando não estava arrumando a casa, ela se preocupava com contas a pagar, parentes e projetos futuros. Sempre exaltava o que iria fazer e não o que vai fazer.
A menina continuava na mesa, esperando o grande momento que chegou logo. Primeiro, colocaram a panela com o macarrão alho e óleo que só a pessoa que amava arrumar a casa sabia fazer. Em seguida, veio a salada que não gerou tanto apreço da garotinha. Por último, de surpresa, apareceu uma taça de sorvete de flocos gigante com uma cereja em cima. Fizeram Ma, como era chamada pelas pessoas, prometer que só iria tomar se comesse toda a salada.. Ela, que não é boba, consentiu com seu sorriso charmoso e o sinal de positivo com a cabeça.
Antes de comer, todos fizeram uma oração, já que seguiam preceitos evangélicos firmes naquele lar.
Comeram o delicioso jantar com muito amor e volúpia, pois o macarrão estava divino. Se lambuzaram com o sorvete como se aquele fosse o último pedaço de flocos do planeta terra.
Depois da farra gastronômica, brincaram um pouco de boneca e Mariana, exausta, resolveu ir dormir com um sorriso largo, que criança só mostra quando está realmente feliz. Morrendo de sono, beijou Carla e Joana que se abraçavam e se acariciavam apaixonadas no sofá. Primeiro, beijou a ‘mãe 1’ pedindo benção e depois a’ mamãe 2’ fazendo o mesmo procedimento.
Mariana se gabava por ser a única menina do colégio que dormia na cama das ‘mães’ e não dos ’pais’. Tinha duas mulheres para explicar as coisas, falar dos meninos e fazer carinho nela. Ela amava dormir entre as duas como se fosse um hambúrguer no meio do pão.

Aquela também era uma família feliz!


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Um Brasileiro


Era uma tarde qualquer na casa em que morávamos. Um beco simples, arrumado e aconchegante a uma hora da metrópole com nome de santo e jeito endiabrado. Meu pai trabalhava nos fundos da casa. Consertava móveis e fazia pinturas chiques nos mesmos.  Eu ficava girando a casa a 100 por hora desafiando todos com minha ansiedade.
O momento no qual eu me sentia mais importante era a hora do café. Não na hora de tomar café da manhã. Era na hora que meu pai gritava para eu pegar um copo de café puro para ele. Eu me sentia útil, apesar do jeito áspero com que ele pronunciava as palavras. Acho que peguei tanto café para ele que acabei pegando nojo do tal líquido preto. Nunca tomei e nem tenho vontade de experimentar.
Como ele fazia o pedido várias vezes ao dia, eu ficava com o rádio ligado perto do local onde ele trabalhava. Ouvia pagode (sim, tenho essa mancha no currículo!), pop e, graças a Deus, alguma coisa de rock.
Ganhei um cd do Paralamas do Sucesso nesses eventos familiares. Era daqueles que tem todos os sucessos. Alguém da família percebeu o suicídio sonoro que ouvir netinho estava ocasionando naquela pobre criança e resolveu tomar uma sábia atitude.
Comecei a ficar fissurado pelo cd. Em ‘Busca Vida’, eu ficava voltando o cd na parte do ‘Pá, pá, pá’. Comecei a entender o que era boa música. Achava que aquela era música de gente grande.
Um dia, estava ouvindo o disco todo animado e falei para o meu pai, que pintava um móvel com sua posição típica de cigarro na mão direita e pincel na esquerda:
- Pai, Paralamas é muito legal Disse eu esperando algumas palavras de incentivo, mostrando que eu estava virando um homenzinho.
Com seu trago cumprido – sabe aqueles que fumante dá quando está pensando? - ele falou sem hesitar:
- Odeio a voz desse cara! Voltando a pintar em seguida como se nada tivesse acontecido.
Passaram-se quase vinte anos. Virei um amante de música brasileira. Amante de Renato Russo, Cazuza, Belchior, Marcelo Camelo, da MPB como um todo e de figuras como Arnaldo Antunes, Tom Zé e Hermeto Pascoal.
Só não conseguia ouvir Herbert Vianna. Respeitava, mas, não conseguia ouvir. Sabia de sua importância no cenário nacional, que ele ajudou Renato a ser quem foi, dentre outros fatos. Mas a música não me descia.
Um dia, despretensiosamente, comecei ouvir o cd ao vivo 30 anos dos Paralamas. Adorei! Comecei a refletir como eu não gostara dessas músicas antes?
Fiquei matutando isso na cabeça durante alguns dias. Até que do nada, veio, como em um relance, a cena do menino animado ouvindo do pai:
- Eu não gosto da voz desse cara!
Comecei a refletir: Quantos Paralamas eu perdi por conta do que os outros falaram?
Seja pai, amigo ou padre da igreja russa, quantas coisas eu perdi pelo ‘outro’?
Resolvi que ia começar a pensar mais no ‘eu’. Agora, por exemplo, estou escrevendo esse texto ouvindo ‘Uma Brasileira’  bem alto. Meu delegado interno pede para que eu abaixe o volume, pois o vizinho pode não gostar da música. O novo ‘eu’ pergunta para o delegado: São 13h40min, será que vai mesmo atrapalhar ou esse é mais um muro invisível que te impede de ser feliz sendo você mesmo?



‘Uma Brasileira’’ continua tocando...




quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Como funcionam as drogas ?

Nesse documentário veja como as drogas funcionam lá dentro do seu corpo.
Como elas fazem para '' enganar'' nosso sistema imunológico e acabar com nossas vidas.


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

O maravilhoso mundo das milicias

Para entender como funciona o mundo das drogas, tem que entender como funciona o tráfico das mesmas. Para entender o tráfico, temos que falar de segurança pública.
Esse bate-papo entre Marcelo Freixo, Wagner Moura e José Padilha, trata deste conflito no Rio de Janeiro. 
Como a cidade, que era para ser maravilhosa, se transformou no paraíso das milícias brasileiras.
E qual a relação disso tudo com o mercado das drogas.

Alerj Debate tropa de elite 2

terça-feira, 9 de setembro de 2014

50% dos presos por tráfico não são traficantes

A maior parte dos processos que geram condenação por tráfico de maconha, diz respeito a jovens, de 18 a 30 anos, com posse de menos de 50g de substância ilícita. Estamos prendendo, criminalizando, o usuário, e não o traficante.
Segundo o defensor publico baiano, Daniel Nicory, ‘’ Estamos superlotando as cadeias com jovens portando quantidades pequeníssimas de drogas, saindo pior do que entraram.
Ainda segundo o procurador, a lei 11.343/2006, responsável por regulamentar o tráfico, não abarca todas as possibilidades de posse de drogas. Com isso, usuários são tratados como traficantes. ‘’ Quase metade dos presos na posse de maconha no Estado de São Paulo, tinham consigo quantidades compatíveis para um consumo de curto prazo’’, relatou o jurista.

O problema é que o menino que entra na carceragem com essa quantidade está pronto para ser corrompido pelo crime. A raiva, o ódio e a mágoa de uma sociedade que colocou ele na cadeia por coisa tão ínfima corrói aquela criatura por dentro. Ele quer vingança e, provavelmente, na hora que sair dali, comandará uma boca.

A história da Cocaína


Chocante como uma droga passou por tantas fases nefastas e, mesmo assim, ainda é cultuada por muitos.






sábado, 6 de setembro de 2014

A roda gigante e o bar




Quatro mesas, vinte cadeiras e um balcão já eram o bastante. Aquela cena no final da sexta-feira era paradisíaca. Era o momento onde as minhas costas relaxavam soberanamente. Eu sentia os músculos dissolvendo levemente enquanto o sorriso emanava. Aprendi mal, é verdade, mas aquele foi meu parque de diversão por um longo período.
Naquele ambiente, se discutia de tudo: Mulher, marca de carro, política, futebol e quadrinhos da turma da Mônica. Enfim, estar naquele lugar era como dar um grito; berrar a liberdade no simples ato de colocar um copo na boca.
Ali ninguém era de ninguém. A cerveja traz, em certo ponto, a igualdade de volta. Para fazer parte do papo, basta beber. Pode ser ateu, judeu, descendente de mongol ou admirador de Marcelo Camelo,como era o meu caso, bebendo você está inserido no contexto.
Para eu sair do bar foi o mais difícil depois que parei de beber. Meu problema não é tanto a cerveja, mas, sim, o enredo de beber a bendita. Aquele ambiente me da uma nostalgia lúdica.
Esse enredo todo mata quem não bebe. Todo o núcleo sócio-cultural envolvido com o ato de beber virou uma bolha social difícil de estourar. Se você não bebe, não tem bar ou balada que te suportam. Isso faz com que você não tenha um grupo para dialogar. Ter amigos virou uma co-dependência do álcool.
Mais do que o vicio, a bebida se tornou um ciclo. Amigos, beber e vida social viraram uma roda gigante onde quem está de fora, por qualquer motivo, se sente, literalmente, um intruso no meio da sociedade. E não falo só de dependentes, mas, de todos aqueles que não querem a bebida em suas vidas. Beber virou uma questão de status social. Significa estar incluso e, para o jovem, não há nada mais triste e selvagem do que esse reino paralelo da inclusão.
Sei que se eu entrar em um bar a chance de me render ao copo é muito grande. Toda vez que passo em frente a um, principalmente se eu tiver frequentado o mesmo, passo símbolos de Reiki loucamente. Tento me acalmar, e falo para mim mesmo: “Esse mundo não te pertence mais”.
No fundo eu queria poder ir ao bar como uma pessoa normal. Tomar uma garrafa, comer uma azeitona e ir embora sem culpa. Mas, como aprendi com o meu pai, o mais importante é ter humildade de saber o seu limite. E eu sei que o meu está da porta para fora do bar...

Mas que dá saudade dá...

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

A ratoeira de Mujica



A América latina se notabilizou, até o domino das ditaduras, pelos aspectos liberais de seus governantes. Para nos atermos ao nosso pedaço do mapa, antes do golpe de 64, o Brasil passava por um governo que, para muitos, era quase que comunista. Com erros e acertos, João Goulart queria fazer, mais ou menos, o que Lula fez com a implementação das bolsas em seu último governo.
Na década de 60, o liberalismo latino foi tomado pelos assassinatos e marchas dos militares. As ditaduras desencadearam uma despolitização e, pior que isso, uma perca gradativa de identidade governamental. Resumindo: A alienação política e econômica americana estava posta com a ajuda de ditadores que prometiam cinqüenta anos em cinco.
Mas, de tempos em tempos, pessoas com um ar parecido com os verdadeiros políticos das Américas aparecem.
 Esse foi o caso de Mujica, presidente Uruguaio. Dentre tantas medidas que não valem ser citadas agora, a da legalização da maconha tomou certo ar de surpresa e repúdio de seus vizinhos: Afinal, o que o presidente que anda de fusquinha quer liberando a maconha ?
Para muitos, a liberação na América é um tiro no pé. O tráfico teve, durante anos, sua vertente mais cruel por essas bandas. Colômbia e México fazem às vezes de patinhos feios quando tratamos de ilegalidade e narcotráfico.  Liberar onde os traficantes estão instalados há muito tempo parece tirar o queijo da ratoeira e entregar fresco e livre nas presas das ratazanas.
Mujica sabe de tudo isso.  O que ele quer é, digamos, colocar uma nova ratoeira. Ele percebeu que os ratos já manjavam tudo da velha armadilha. Notou que eles pegavam o queijo com facilidade maior do que quando não havia ratoeiras.
Mesmo no epicentro da crise das drogas, o governante da azul celeste quer repetir o sucesso da Holanda. Porque não, para o bem, transformar o pequenino Uruguai no país baixo dessas bandas.
É sempre bom lembrar, o consumo de maconha na Holanda é só 2% maior que no Brasil. O que Mujica quer, no fundo, é trazer o usuário para perto do berço da pátria descriminalizando o uso de drogas, mostrando que os que usam essas substâncias não são os verdadeiros inimigos da polícia.
Mujica armou a ratoeira perfeita para pegar os ratinhos que tomam conta do mercado do queijo branco nas suas bandas. Para pegar as ratazanas que vendem esse queijo para Europa e EUA, ele vai precisar da sagacidade de mais governantes. E sagacidade não quer dizer UPP, nem policiamento ostensivo e sangrento. Sagacidade quer dizer jogar o jogo da maneira mais inteligente possível para que possamos eliminar as ratazanas, sem ter que matar ratos negros que não tem nada haver com o papo.

O jogo de gato e rato está com as cartas postas: Será que o Brasil está com Mujica ?

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

O cigarro eletrônico e o garoto Marlboro


A ONU quer proibir a venda de cigarros elétricos para menores de idade. Óbvio que trazer os aspectos do cigarro, mesmo sem a nicotina, desde a infância deixa uma marquinha no cérebro com um carimbo de quero mais.
Apesar da luta certeira, essa é mais uma maquiagem midiática para tirar o foco do que realmente ferra quando se diz respeito a cigarro e bebida: a publicidade por traz do muro.
Uso esse termo para designar os métodos sujos e sorrateiros que, principalmente, a indústria do cigarro utiliza para conseguir novos adeptos. A batalha entre cigarro e publicidade vem desde o fim dos anos 90.  O primeiro baque para os vendedores de tabaco foi a proibição da publicidade em eventos de massa, como a formula1.
A Marlboro sentiu a saída dos cockpits por alguns motivos. A corrida era um meio de atrair os jovens para o cigarro pela ligação clara entre velocidade, mulheres e poder. Além, é claro, do poder midiático que representavam, naquela época, pilotos como Ayrton Senna e Alan Proust.
Outro motivo é o aspecto de vivacidade que tem, nas entrelinhas, qualquer esporte com ibope global. A publicidade de qualquer coisa, seja em um jogo de gamão ou um torneio de badminton na Etiópia, traz para o publico um ar de vivacidade. Esse foi o baque maior. A partir daí, cigarro e esporte não andariam mais de mãos dadas pelo lucro.
Depois da Formula 1, as proibições foram aumentando gradativamente até chegar aos tempos atuais. Nesse caso, o ditado, ‘’ O proibido é mais gostoso’’ não poderia estar melhor encaixado.
Hoje, a indústria tabagista tem que se virar para fazer anúncios. As táticas começaram a ficar cada vez mais sórdidas e difíceis de compreender. Por exemplo : Você já imaginou porque toda loja de conveniência tem o cigarro na parte de cima, com os doces em baixo ?
Simples, a criança tem psicologicamente, a intuição de admirar o que vem de cima. Então, com o doce em baixo, seu cérebro automaticamente julga que o objeto de cima, onde só os adultos metem o bedelho, é muito saboroso. Isso é colocado como um chip na memória do pequeno que o ativa, sem intenção, quando tem a oportunidade do primeiro trago.
Resumindo, evitar o consumo de cigarro eletrônico não é o bastante. Os meandros da publicidade da nicotina também têm de ser vigiados.

O problema maior é: Será que eles querem vigiar esses meandros?

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Lavagem cerebral

O mercado publicitário também está nesse bolo:
Você já parou para pensar quantas pessoas bebem só pela propaganda da Ambev?
lavagem cerebral

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

#OmundodePerri

O quarto


Um silêncio estarrecedor tomou o ambiente por longos dois minutos. Sabia que ela estava elaborando uma engenhosa artimanha para desviar o foco do assunto principal. Os adultos são craques nisso! Este, junto da desilusão, é o primeiro sinal de que estamos um pouco crescidos.
Sentou em sua posição de confronto, típica desses momentos. Com o braço sobre a mesa e a perna direita um pouco levantada, fazia um ar de que aquele contexto todo não a incomodava.
Aquela mesa virou um tabuleiro de xadrez, onde eu acabara de dar um cheque. Mas o jogo não estava ganho e ela tinha suas peças expostas. A qualquer momento poderia utilizar da rainha para mostrar sua posição hierárquica e acabar com a brincadeira.
Mas, em um minuto, dei o mate:
- Mãe, eu quero saber tudo sobre o papai para ter uma visão real das coisas. Vocês não podem me proteger de tudo pelo resto da vida. Uma hora ou outra eu vou ter que tomar meu caminho e criar consciência.
Por mais dois minutos o silêncio tomou o ambiente. Agora, a boca aberta dela e meu meio sorriso irônico davam o tom de quem havia ganho aquele combate.
Sem uma palavra fui direcionado para o quarto. Lá, um ambiente escuro guardava milhares de fitas, fotos e cadernos empilhados por cores chamativas. Placas sinalizavam o que cada uma das pilhas significava:
- Perri, sabe aquele documentário: “Os desbravadores do norte’’, sobre aquele grupo de rapazes que estudaram o lado norte inteiro e trouxeram para cá todas as informações que precisávamos?
- Sim, amo quando passa aquilo...
- Então, naquele vídeo tem um cara que aparece com o rosto sempre rabiscado, por não poder ser identificado. Esse cara, que chamam de Orwell, na verdade é Perri J. Coller, mas conhecido como seu pai.
O rosto dele aparece assim devido a anos de brigas com o governo. O sonho de seu pai era que o lado norte junta-se, novamente, com o sul, como deixou de aparecer nos livros de escola. Segundo ele, o que parece um mar de rosas é uma conjuntura sanguinária que ilude a todos.

Tomei um susto enorme. Em um segundo, tudo que eu imaginava sobre meu progenitor era jogado às traças. O cara da paz, trabalhador convencional que não fazia mal a ninguém era, na verdade, um dos maiores guerrilheiros que meu Arquipélago já teve. Um misto de orgulho e revolta revirou meus órgãos enquanto me segurava para não bater naquela mulher. Sim, agora todos entendem o porquê não cito nem citarei seu nome durante esses maltrapilhos escritos. A pessoa, que me deu a vida inspirou confiança e fez minha personalidade, mentiu do jeito mais hipócrita possível.
Dei um chute na porta, antes de sair do quarto, para mostrar a verdadeira dor.  Naquele momento o que interessava era chegar logo ao lugar que meu pai tanto amava. Quem sabe eu poderia ir e ficar lá de vez. Seria melhor que olhar para o rosto daquela mulher.

Sai dali decidido a chegar ao lado norte. Mais que isso, cheguei decidido a descobrir quem foi e como foi meu pai de verdade.


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

7x

Fazia um mês que George havia parado com tudo. Com seu cabelo loiro, olhos azuis e corpo esquálido.
Naquela manhã, fazia 13 semanas que acendera o último baseado. Havia feito um ritual quase que profético para encerrar aquele ciclo. Ajoelhou-se em frente da mesinha do quarto, acendeu sete velas, lembrou-se de sete vezes que usou alguma coisa ilícita e prometeu sete vezes que não faria aquilo nunca mais.
Feito isto, ficou olhando a planta de cannabis durante sete horas. Queria ter certeza de que aquela era a decisão correta a ser tomada. Resolveu parar por conta própria.
Os pais, típicos alienados de classe média, ficaram espantados quando receberam a notícia.  Abraçaram o filho com certa insegurança perceptível para o garoto que, apesar de tudo, se manteve forte.
Passou-se um mês da decisão. Tudo estava tranquilo e calmo na casa dos Orwell - o filho único havia se tornado outra pessoa. Seus ataques de loucura haviam dado lugar a uma cinemateca caseira voraz. George via dez filmes por final de semana e escrevia resenhas sobre os livros.
Tudo começou voltar ao normal pré-estabelecido. O pai de George, professor de Ciência Política da faculdade do estado, voltou a pressionar para que o filho voltasse para o mestrado na mesma carreira do pai. Curado, o garoto seria o maior orgulho da família se retomasse a carreira.
Após um bom tempo de chamegos, a pressão também voltou do lado de mamãe. A ex-namorada, Sophie, era a menina dos olhos da matriarca. Formada na igreja pentecostal, a garota era o par perfeito que o menino havia deixado escapar pelo deslize do vício.
George passou, de novo, a ser fuzilado pelos progenitores, que queriam assegurar que ele fosse alguém. Mas, papai e mamãe se esqueceram de perguntar uma coisa: O filho estava realmente pronto para retornar ao fuzilamento da vida real?  O vício havia, realmente, deixado seu filho em paz?
George tinha todas essas respostas guardadas a sete chaves. Sempre que ia pegar o ônibus, passava pela boca onde comprava erva. Dai, lembrava dos amigos e as longas conversas que tinham durante o consumo. Sentia um misto de vontade de retomar a vida de antes com um orgulho descomunal por ter parado com tudo.
Apesar disso, não podia falar nada para ninguém. O pai estava preocupado com o mestrado, já a mãe preparava convites de casamento para a volta com a ex-namorada.
Todos estavam felizes, mas, por um instante, esqueceram de perguntar para a estrela do espetáculo se ela estava satisfeita com o enredo. A droga consumiu muito da vida social de George. Todo o seu castelo havia desmoronado por parar de usar uma substância. Estava perdido e, como bônus, ganhará a pressão de um compromisso matrimonial e uma nova carreira universitária.
O menino ficou no quarto por dois dias. Quando saiu, ficou com medo de falar com os pais pela felicidade do casal, Um já havia contado para universidade inteira que o filho voltaria. A outra, já encomendará terno, bolos e um buquê de rosas laranja para um coffe break comemorando a volta do casal.
Na porta, George deu dois passos para trás hesitando a partida. Parece que algo dizia para ele não sair naquela segunda-feira, 7 de maio, quando completava 14 semanas de abstinência. Ao passar na boca as 16h00, resolveu conversar com Thompson. Ao contar toda a trajetória daqueles dias, o amigo, que não parou com a droga, consolou George com abraços e beijos. Era tudo que ele queria. Sete minutos depois, com sete tragadas descomunais voltou ao uso.

Quando descobriram, os pais, sem pestanejar, diziam para Deus e o mundo que o filho era um fraco.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

O Foco da Foca


Há alguns dias, de bobeira no sofá da sala, veio uma curiosidade monstro sobre os ursos polares. Não pergunte o porquê, mas, o fato é que comecei a procurar feito louco documentários sobre esse animal.

Um deles, falava sobre estes bichos que tinham de se adaptar ao calor. Devido a todo papo de efeito estufa, eles estão tendo menos tempo para capturar as focas, que são, na escala evolutiva, como os ratos para os gatos.

Nas eras geladas, as focas têm de cavar buracos na superfície do gelo para ter onde respirar. É nesse momento que os ursos usam sua habilidade e força para pegar o mamífero. No verão, o bicho famoso por pendurar uma bola no focinho, consegue ar dando saltos sobre a água, em shows semelhantes com os dos golfinhos.

Além disso, as focas criaram várias armadilhas para que os ursos não a pegassem. Por exemplo, uma foca cava vários buracos em um determinado raio. O urso então é obrigado a adivinhar o local que ela vai subir, diminuindo as chances do predador vencer a presa.

Por causa desse e outros truques, comecei a ver semelhanças entre a foca e alguém que, como eu, luta para se manter longe do vício. Muitas vezes, como os mamíferos de nariz engraçado, me vejo cavando vários buracos em direções diferentes na mesma situação para que o “urso”’ não me pegue.

É simples! Quando se tem um vício, todos os lugares que você está habituado a frequentar tem relação direta com o seu vício, seja ele alcoólico, de liquido preto com folha de cola ou goma de mascar. É como se cada lugar desses fosse um buraco cavado pela sua foca interior.

... Então, qual foi o “grande” aprendizado com a foca?

Fácil: A foca tem pelos hipersensíveis que ajudam a identificar o perigo em baixo da água. Quando acontece isso, ela malandramente solta borbulhas de ar para que o urso pense que ela está lá. Então, enquanto ele fica dilacerando o buraco vazio, a foca vai linda e negra respirar em um ambiente livre.


Ou seja, você tem vários buracos já cavados: bares, boates, casas e amigos. Às vezes é a hora de se fingir de morto e cavar um buraco novo, onde seu “urso” não possa te encontrar, para resplandecer no mar da calma e tranquilidade.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Doença não é crime

Em 1920, o governo americano declarou guerra ao álcool.  Cortaram toda a produção, fecharam estabelecimentos e proibiram o consumo para todos os cidadãos.  As penas eram similares às dadas aos traficantes de drogas pesadas nos dias de hoje.
O projeto não deu certo. Com o tempo, traficantes começaram a fabricar bebidas de má qualidade. O mais famoso destes, Al Capone, ficou conhecido por dar bailes no governo americano. Poucos sabem que sua principal fonte de renda era o tráfico de bebidas.
Não precisa ser dito que a iniciativa governamental fracassou. Pouco tempo depois, a bebida voltou a ser legalizada com o saldo negativo sendo o aumento descomunal do número de usuários de bebida.
50 anos depois, no governo Nixon, a guerra mudou de substâncias, seguindo o mesmo caminho. Foi anunciado um combate ostensivo às drogas, com usuários e traficantes tendo penas equivalentes. O consumo e distribuição viraram caso de polícia, aumentando, em várias épocas diferentes, a violência em regiões pobres do país.
Quarenta anos depois, o Tio Sam parece ter, finalmente, acordado. Recentemente, vários estados liberaram o uso de maconha, além de descriminalizar o uso de drogas.
Quer dizer, agora o usuário de drogas é tratado como doente, e não criminoso. Descriminalizar é diferente de legalizar. No primeiro, você traz o dependente para mais perto do governo, dando oportunidade para o mesmo reabilitá-lo. Já a legalização, é nada mais que deixar “o bicho pegar”, liberando a substância para o uso sem fiscalização.
Muitos devem estar pensando: Como um moleque que usou drogas e quer ajudar no combate ao uso, está comemorando a legalização da maconha?
Para responder, me atento a um dado comparativo entre o Brasil e a Holanda, país conhecido mundialmente pela legalização da Canabbis. Em nosso país, onde o consumo é proibido, o índice de usuários é de 3% da população. Já nos países baixos, o número aumenta para 5%.
O país continua tendo problemas com o tráfico, plantações ilegais e o mercado negro. A vantagem é que o contato entre jovens e traficantes diminuiu muito. Agora, o jovem compra a maconha em um local onde só oferecem a planta, sem ter pessoas incentivando o uso de substâncias mais fortes como a cocaína e a heroína.
Outro ponto da descriminalização é o aspecto da saúde do usuário. Em Portugal, onde o consumidor não é considerado criminoso, o consumo de substâncias diminuiu drasticamente. Além disso, houve aumento no número de usuários pedindo apoio para o estado. Sem o medo da prisão, fica mais fácil trazer o cidadão para perto do tratamento.

A frase é simples: “Doença não é crime”.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

'' Os tristes palhaços''

“Ouvi uma piada uma vez: Um homem vai ao médico, diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto.
O médico diz: “O tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade, assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo.”
O homem se desfaz em lágrimas. E diz: “Mas, doutor… Eu sou o Pagliacci.” (Daniel Martins de Barros)


http://blogs.estadao.com.br/daniel-martins-de-barros/os-tristes-palhacos/

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Acessem!

Para ter um espaço mais aberto para o debate e a discussão, criamos nossa fanpage no facebook.
https://www.facebook.com/pages/Guerreiros-da-Nova-Era/276201029244116?fref=ts
Obrigado, paz profunda...

A política de combate as drogas

Nesse documentário, veja como vários países europeus vem combatendo o uso das drogas, sem a criminalização do usuário.
Muitos olham a Holanda como o antro da droga, onde tudo pode.
Se nos atermos a um dado, veremos que toda essa liberdade no uso não aumenta o número físico de usuários.
5% da população holandesa usa maconha. No Brasil, são 3% : Pouca diferença não ?



Em breve, um texto detalhado sobre o tema como um todo.

Paz profunda a todos.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Cigarro, um mal além do fumo...

Fumei durante dez anos. No início, o ato de tragar e cuspir fumaça era heróico, significando romper barreiras. Era como um rito de passagem da fase infantil para a adulta.
Sair do colégio com o cigarro no bolso, permeando vielas escuras para não ser descoberto, aumentava a adrenalina de uma vida que era, basicamente, tocada da escola para cama, da cama para o bar e do bar para escola. Era um ponto de rebeldia na fase em que só se ouvia uma palavra: vestibular.
Sim, em nosso país com 17 anos você é metralhado com a obrigação de escolher o que quer ser para o resto da vida. Se você estuda em escola particular, como era meu caso, professores, sem dom pedagógico nenhum, jogam na sua cara que se você não passar em universidades públicas de qualidade estará jogando anos de mensalidade pagas pelos seus pais na lixeira. O mundo vira uma prova onde a reprovação vira a linha entre o fracasso e o sucesso.
Tudo isso, na época em que, além da carreira, estamos com as veias sexuais abertas e querendo descobrir nosso mundo. Uma época onde queremos tudo, sabemos tudo e choramos por, na realidade, não saber nada.
Tudo isso influência para que queiramos o proibido. O jogo de gato e rato social faz com que a juventude clame pela contracultura, sonhando em ser um peixe fora do aquário. É por isso que os ídolos são do rock, o sonho são as tatuagens e o objetivo é experimentar de tudo.
Daí, voltamos ao bendito cigarro. A nicotina embrulhada em papel é nada mais que um brado interno de indiferença quanto ao restante. O cigarro, embora em baixa, ainda carrega o glamour da era do cinema americano onde o herói tragava junto com sua bela mulher que cruzava as pernas com uma piteira típica de bordeis franceses.
Além disso, traz um ar falso da tal contracultura. O tabaco é um dos carros-chefes do capitalismo negro. No Brasil, sua produção é feita ainda como nos tempos coloniais.  O fabricante compra os produtos superfaturados da indústria de processamento do fumo. Esta, por sua vez, compra a folha do tabaco por preços muito baixos do produtor no campo. Assim, se forma um círculo vicioso onde o produtor tem dividas astronômicas com o seu cliente e, como não pode pagar, acaba cedendo seu produto por preços irrisórios.
Conclusão: Fumar, além de fazer um mal do cão, ajuda a financiar um mercado negro que só se diferencia do da maconha pelo fato de pagar impostos.

Em breve mais sobre os meandros da indústria do tabaco e suas tramoias.   

sábado, 2 de agosto de 2014

#Omundodeperri

A carta do papai
Acordei cedo naquela quarta-feira. Havíamos marcado uma reunião na casa de Oton para discutir sobre as roupas que usaríamos no grande dia. Samuel, com seu ar de estilista, ficou de levar peças para provarmos e analisarmos se estávamos irreconhecíveis.
Apesar da pressa, segui minha rotina normal. Acordei, beijei o altar dos doze mestres, fui ao banheiro fazer o básico e depois para a mesa do café. Acontece que uma coisa fugiu da métrica convencional. No corredor dos quartos, a porta do quartinho do “papai” estava com uma pequena fresta aberta. Minha mãe nunca deixou aquele aposento aberto desde que meu pai morreu. Até então, a vida dele era um mar de rosas que terminou em fatalidade.
Minha mãe contava histórias dele desde que me entendo por gente. Falava do tanto que ele nos amava e como éramos uma família feliz. Até meus dez anos, não sabia nada sobre a morte dele. Sempre que perguntava minha mãe vinha com a mesma balela de que eu iria saber na hora certa ou que onde estivesse ele estaria conosco.
Quando tinha, mais ou menos, uns nove anos, comecei a me rebelar com aquela situação. Perguntava sempre sobre “como papai foi embora” ou o porquê ele havia desencarnado.
Como a insistência pelo escândalo é uma das dádivas aprendidas desde a infância, minha mãe encheu o saco e estabeleceu uma meta:
- Perri, meu amor, vamos fazer assim. Quando você fizer dez anos conto tudo sobre quem foi seu pai. Disse ela, colocando a mão em meu ombro e beijando minha testa.
Com certeza ela disse aquilo para encerrar o assunto, imaginando que eu não ia me lembrar. Mas, pouco antes do meu aniversário, uma conversinha breve mostrou que não era bem assim:
- Perri, meu lindo, já vai completar uma década. Dez anos é uma data importante e temos que comemorar.
Olhei bem para o canto e vi que recebi minha oportunidade de ouro:
- Obrigado mãe, mas para mim o mais importante vai ser conhecer quem foi o papai.
O tom alegre da conversa se transformou em velório de irmã mais nova. O rosto dela se transformou naquele instante. Com o ar pálido e uma carinha de lesma na menopausa, ela não tinha resposta. Afinal, “promessa é divida”!


 Continua...

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O primeiro passo

Governo inicia campanha onde o objetivo é prevenir e desestigmatizar o usuário de drogas.
Se der certo, será o primeiro passo para que o preconceito vire uma marca negativa nessa luta:
Como parar de usar se o rotulo de '' ex-viciado'' é igual ou prior que o de viciado?

http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/07/conad-fixa-diretrizes-nacionais-para-campanhas-de-prevencao-de-drogas

terça-feira, 29 de julho de 2014

Anestésico para cavalos é a droga da vez

''Um poderoso anestésico para cavalos está sendo comprado e usado livremente por jovens em festas de música eletrônica. A droga é chamada de special K''

''Um vidro anestesia quatro cavalos, em geral. E eu usava em um dia o vidro todo. Te dá um bem estar muito bom e depois você não consegue sair dela'‘.

Proibir não é o remédio. 
Sempre terá novas misturas, remédios e plantas que proporcionem o sonhado ''barato''.
A solução é pesquisar o problema de dentro para fora.
Proibir é só o meio mais fácil de jogar o problema sócio-cultural pra debaixo do tapete.

http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/07/remedio-veterinario-para-cavalos-e-usado-como-droga-em-raves.html


sábado, 26 de julho de 2014

#OmundodePerri

Caminho ao lado Norte

Fizemos reuniões periódicas para decidir como chegar àquele lugar que, em nossas mentes, era como um paraíso.  Durante um mês fomos à casa de Oton para traçar planos de como furar o bloqueio da família, vizinhos e da guarda branca.
O principal problema era os guardas. Não pelas armas ou violência, isso não existia. O que mais preocupava eram as horas que ficaríamos ouvindo os sermões daqueles que, para muitos, faziam parte do grupo de segurança mais preparado que um povo poderia ter.
A guarda branca era eximia em controlar os problemas usando apenas de bondade e carisma.  Não ficaria melhor: Sabiam como manter um controle para assegurar uma sociedade quase perfeita. Digo quase, pois nela havia jovens como nós que não aceitavam o não e queriam conhecer o outro lado do mundo.
Em uma das reuniões o Oton, com sua postura de lorde e sarcasmo fora do habitual, alertou sobre a divisa da avenida. Realmente, a via era arborizada com tulipas brancas e lírios até o vale da Arca, que era chamado assim por ter um formato arqueado, semelhante a um barco. Visualizado do alto, ele dá a dimensão precisa da fronteira entre o lado sul e o lado norte. Você vê perfeitamente o lado lindo e harmonioso se contrastando com um ambiente selvagem e deformado. Obviamente, era nesse ponto que a guarda branca fazia sua barricada do amor. Era lá que deveríamos elaborar o plano de nossas vidas.
Ficamos dias e mais dias revirando livros, arquivos digitais e hologramas para descobrir um defeito daqueles caras. Até que, em uma conversa sem conotação cientifica aprofundada, chegamos ao veredicto com uma fala de Samuel:
- Gente, gostaria muito de me vestir como esse povo lá do norte. Tudo rasgado, sem se importar com postura. Assim, acho que eu ficaria mais a
vontade para dar em cima de uns pedaços de mau caminho do meu sexo! Falou rindo e debochando de sua opção sexual.
Então, o Oton virou para mim como se tivesse descoberto a jóia de plutão e,sem pestanejar,vomitou:
- É isso seus moleques! Temos que nos fantasiar de caras do norte que vieram para cá sem permissão. Perri começa a pesquisar como eles andam e até falam para que possamos fazer o lobby perfeito. Samu, até que enfim, seu trejeito serviu para alguma coisa.
Rindo de Oton e perplexos com a ideia de Samuel, começamos as pesquisas para aquela que seria, com certeza, a maior viagem de nossas vidas.


 Continua..

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Antes e depois

Já imaginou pintar sua própria cara durante uma ressaca daquelas?
Ou melhor, já pensou em pintar seu lindo rosto em um hospital após um ataque de overdose?

Pois bem, alguns artistas latinos passaram por essa experiência...
No minimo, fica a reflexão: Você precisa mesmo disso pra viver?


quarta-feira, 23 de julho de 2014

Por acaso...


Imagine a cena de seu próprio velório. Antes de morrer, você recebeu um comunicado que, por acaso, deixava que todos os presentes pudessem receber um último recado seu. Mas, você não poderia falar com ninguém, todos lhe veriam como uma figura muda. Seu único meio de comunicação seria um vídeo de três minutos com a música abaixo como plano de fundo.
Além disso, por acaso, nos arredores da plataforma mística onde você recebeu tal recado, havia uma super mesa de vídeo. Nela, imagens da sua vida eram mostradas em velocidade reduzida, aumentando o teor emocional e intuitivo de cada situação.
Por acaso, ao lado da mesa estava uma plaqueta, com o seu nome, onde estava escrito: “Faça sua história”.
Como tinha pouco tempo para ver todos os arquivos, você resolveu ir deletando por partes que julgava menos importantes. Primeiro: todas as reuniões de trabalho, discussões com chefes e embates de qualquer gênero, número e grau, voltados para as finanças. Percebeu, enfim, que dinheiro, realmente, não era tudo. Depois, todos os momentos com drogas onde, mesmo rindo, sabia que o sorrir emitido por aquela boca, bem no fundo, não era a sua verdadeira felicidade. Ai vieram as discussões familiares por besteiras. Como pode passar tanto tempo se desgastando com quem amava por utopias infantis ligadas a bens materiais?
Faltava apenas uma hora para entregar o vídeo. Enfim, tinha eliminado tudo o que era ruim, que não valia ser apresentado. Agora, era só colocar tudo que era lindo e maravilhoso. Momentos com os filhos, abraços paternos de infância, brincadeiras com o cachorro e aniversários com bolo de cenoura permeavam o cenário todo. Parecia que o trabalho estava concluído.
Mas, por acaso, no canto da mesa havia uma capa empoeirada com o titulo: ‘’O simples do cotidiano’’. Como as imagens felizes foram decupadas de maneira fácil e rápida, você se deu o direito de ver se tinha algo de bom naquele cd.
Com três minutos já se via lágrimas caindo dos seus olhos. No vídeo, a cena onde resolveu ver o por do sol em uma pedra distante duas horas de sua cidade de origem, fez você lembrar o quanto estar em paz era gratificante... Depois, quando estava no décimo minuto, você se viu sozinho em seu primeiro apartamento se divertindo, improvisando um prato de miojo com vários temperos loucos. Por fim, já mais velho, as lágrimas, mais uma vez, lhe sucumbem ao rever o momento em que, sozinho, filmava seu filho andando de bicicleta pela primeira vez.
Obviamente, foram as imagens do cd perdido que preencheram grande parte do videoclipe de despedida.
Então, por acaso, percebeu que: ‘Devia ter complicado menos, trabalhado menos. Ter visto o sol se por.
Essa música, que inspirou o texto, vai para todos que, como eu, não aproveitaram esses momentos. Aqueles que, como eu, trocaram esses momentos por sorrisos falsos decorrentes do uso de substâncias licitas e ilícitas. 




Para aqueles que, como eu, querem que o vídeo seja editado com as imagens mais lindas possíveis. 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Involução humana

A droga legal, como é classificado o álcool, também mata e leva todos ao consumo de outras substâncias:
Toda história pré-moldada de viciados em drogas pesadas vem com o tempero de uma balada, festa ou churrasco recheado com muita bebida:
Você já viu algum usuário de cocaína falar que seu primeiro contato com a droga foi sem o álcool como ''padrinho'' ?




sábado, 19 de julho de 2014

#OmundodePerri


Capitulo 1

A descoberta

Arquipélago Gabriel, 20 de março de 2060

Hoje aconteceu algo estranho e engraçado com todos. Enquanto passeávamos pelo Largo de Arcanjo, no lado norte, vimos uma taberna escura com uma plaqueta dizendo: “Não entre’’. Assustado, olhei para Samuel que apenas conseguia virar seus olhos na direção do luminoso. Ali começava a questionar o porquê aquele lado do mundo era riscado em todos os mapas.
Naquela época, a ala norte do arquipélago era temida por todos. Ouvíamos desde cedo que quem habitava aquele lugar era sujo e asqueroso. Quando éramos pequenos, as escolas colocavam cartazes dizendo que quem ultrapasse avenida luminosa seria castigado com uma vida suja e vulgar.
Isso era o que os ‘’homens’’ diziam.  Para nós, aquilo soava como um grande desafio para descobrir o que tinha do outro lado.  Ultrapassar aquela linha imaginária era como outorgar às nossas mentes o passaporte do mundo adulto. Seriamos livres e independentes para todo o sempre.
No nosso lado do arquipélago, na parte sul, tudo era flores. Pessoas andavam sorrindo pelos lagos cheios de marrecos e peixes trazidos de um planeta chamado Terra.  Ninguém nunca comprovou a informação, mas, pela boca pequena, sabíamos que era um lugar com pessoas muito parecidas conosco.
Além disso, em nossa área, todos viviam em um ambiente de cordialidade fora do comum. Quando crianças éramos abastecidos de amor e carinho. Era normal que pessoas idosas dissessem que nós éramos o futuro daquele povo e que deveríamos ser tratados com zelo e compreensão.
As pessoas só mudavam o tom quando se perguntava algo sobre o norte. A cara fechava imediatamente, com ar de reprovação e repudio. Obrigavam-nos a fazer sinal de reverência e desculpas para os mestres sagrados apenas por termos interesse em conhecer o outro lado do nosso mundo.
No fundo sabíamos que aquele lugar era ruim, mas sempre acontecia algo, ou aparecia alguém, aguçando nossa curiosidade. Meninos mais velhos contando suas aventuras, garotas dizendo que só descobriram o verdadeiro sexo ali, além de adultos que iam para lá às escondidas para se divertir.

Com a agitação da meia adolescência em nossas veias, não havia como ignorar tais chamados. Foi então que eu, Samuel e Oton decidimos atravessar aquela avenida e matar a curiosidade que assolava nossas vidas. Sabíamos que aquele era um caminho que poderia não ter volta.

Continua...