A América latina se
notabilizou, até o domino das ditaduras, pelos aspectos liberais de seus
governantes. Para nos atermos ao nosso pedaço do mapa, antes do golpe de 64, o
Brasil passava por um governo que, para muitos, era quase que comunista. Com
erros e acertos, João Goulart queria fazer, mais ou menos, o que Lula fez com a
implementação das bolsas em seu último governo.
Na década de 60, o liberalismo
latino foi tomado pelos assassinatos e marchas dos militares. As ditaduras desencadearam
uma despolitização e, pior que isso, uma perca gradativa de identidade
governamental. Resumindo: A alienação política e econômica americana estava
posta com a ajuda de ditadores que prometiam cinqüenta anos em cinco.
Mas, de tempos em tempos,
pessoas com um ar parecido com os verdadeiros políticos das Américas aparecem.
Esse foi o caso de Mujica, presidente
Uruguaio. Dentre tantas medidas que não valem ser citadas agora, a da
legalização da maconha tomou certo ar de surpresa e repúdio de seus vizinhos:
Afinal, o que o presidente que anda de fusquinha quer liberando a maconha ?
Para muitos, a liberação na
América é um tiro no pé. O tráfico teve, durante anos, sua vertente mais cruel
por essas bandas. Colômbia e México fazem às vezes de patinhos feios quando
tratamos de ilegalidade e narcotráfico.
Liberar onde os traficantes estão instalados há muito tempo parece tirar
o queijo da ratoeira e entregar fresco e livre nas presas das ratazanas.
Mujica sabe de tudo isso. O que ele quer é, digamos, colocar uma nova
ratoeira. Ele percebeu que os ratos já manjavam tudo da velha armadilha. Notou
que eles pegavam o queijo com facilidade maior do que quando não havia
ratoeiras.
Mesmo no epicentro da crise
das drogas, o governante da azul celeste quer repetir o sucesso da Holanda.
Porque não, para o bem, transformar o pequenino Uruguai no país baixo dessas
bandas.
É sempre bom lembrar, o
consumo de maconha na Holanda é só 2% maior que no Brasil. O que Mujica quer, no
fundo, é trazer o usuário para perto do berço da pátria descriminalizando o uso
de drogas, mostrando que os que usam essas substâncias não são os verdadeiros
inimigos da polícia.
Mujica armou a ratoeira
perfeita para pegar os ratinhos que tomam conta do mercado do queijo branco nas
suas bandas. Para pegar as ratazanas que vendem esse queijo para Europa e EUA,
ele vai precisar da sagacidade de mais governantes. E sagacidade não quer dizer
UPP, nem policiamento ostensivo e sangrento. Sagacidade quer dizer jogar o jogo
da maneira mais inteligente possível para que possamos eliminar as ratazanas,
sem ter que matar ratos negros que não tem nada haver com o papo.
O jogo de gato e rato está
com as cartas postas: Será que o Brasil está com Mujica ?
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