Mariana está sempre na mesa da sala
naquela hora. Espera ansiosa pela hora do jantar. O problema é que um sempre
briga com o outro nessa hora. Tem aquela pessoa que chega sempre atrasada,
estressada e sem ânimo para conversar com ninguém.
Mariana adorava quando essa
pessoa tinha tempo para falar sobre a escola, das coleguinhas, jogar banco
imobiliário ou quando passavam noites inteiras pintando um quadro. A pessoa falava que estava lutando por um
futuro melhor para ela e que quando fosse grandinha iria agradecê-la. Mariana
entendia, mas, bem lá no fundo, só queria brincar com aquela pessoa.
A outra pessoa sempre estava
arrumando algo. Depois que teve aulas de matemática no colégio, Mariana contou
que ela organizava os quartos dez vezes durante cinco dias. Quando não estava
arrumando a casa, ela se preocupava com contas a pagar, parentes e projetos
futuros. Sempre exaltava o que iria fazer e não o que vai fazer.
A menina continuava na mesa,
esperando o grande momento que chegou logo. Primeiro, colocaram
a panela com o macarrão alho e óleo que só a pessoa que amava arrumar a casa
sabia fazer. Em seguida, veio a salada que não
gerou tanto apreço da garotinha. Por último, de surpresa, apareceu uma taça de
sorvete de flocos gigante com uma cereja em cima. Fizeram Ma, como era chamada
pelas pessoas, prometer que só iria tomar se comesse toda a salada.. Ela, que
não é boba, consentiu com seu sorriso charmoso e o sinal de positivo com a
cabeça.
Antes de comer, todos
fizeram uma oração, já que seguiam preceitos
evangélicos firmes naquele lar.
Comeram o delicioso jantar
com muito amor e volúpia, pois o macarrão estava divino. Se lambuzaram com o
sorvete como se aquele fosse o último pedaço de flocos do planeta terra.
Depois da farra
gastronômica, brincaram um pouco de boneca e Mariana, exausta, resolveu ir
dormir com um sorriso largo, que criança só
mostra quando está realmente feliz. Morrendo de sono, beijou Carla e Joana que
se abraçavam e se acariciavam apaixonadas no sofá. Primeiro, beijou a ‘mãe 1’ pedindo benção e depois a’ mamãe 2’
fazendo o mesmo procedimento.
Mariana se gabava por ser a
única menina do colégio que dormia na cama das ‘mães’ e não dos ’pais’. Tinha
duas mulheres para
explicar as coisas, falar dos meninos e fazer carinho nela. Ela amava dormir
entre as duas como se fosse um hambúrguer no meio do pão.
Aquela também era uma
família feliz!
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